Bárbara Paz, Jamila Maria, Paula Catu, Romulo Barros, Thalita Caetano: Por entre os dedos
curadoria de Gisele Lima
14/2/2020 – 13/3/2020




Esta exposição é uma convite para falar/pensar/fazer amor.

Por entre os dedos brinca com os estados físico da matéria. Com a liquidez dos relacionamentos, dos afetos, do amor e da modernidade. A mesma liquidez contida  nos frascos de remédio, na água que corre pela descarga, das lágrimas e no gozo. Mas também fala de materialidade, de corpo, de texto, de histórias sentidas na pele.

No aceite de um convite maluco, Bárbara Paz, Jamila Maria, Paula Catu, Romulo Barros e Thalita Caetano apresentam trabalhos que nos atravessam de forma visceral e falam sobre agir e existir com o outro.  Inconstante como os relacionamentos de bolso, em movimento como o sangue que varre um coração pulsante.  A mostra foi pensada em ciclos, onde esse conjunto que nos é apresentado dançará pela galeria, assumirá novas formas e será ocupado e contaminado de forma diferente a cada montagem. Hoje vimemos juntes esse despontar.

Quais são as consequências de se entregar ao amor? Por onde saem as borboletas que vagueiam no estômago?

Muito antes de adquirir qualquer conhecimento sobre medicina não convencional ou qualquer coisa do tipo já havia a certeza que o verdadeiro órgão do amor não era o coração, e sim o intestino. A final de contas, nele que muitas das emoções são materializadas. É lá que absorvemos e expelimos a maior parte do que colocamos no corpo e portanto aquilo que escolhemos tirar do mundo e colocar em nós, seja para nutrir, seja para tratar, para viver ou morrer.

É no banheiro que essa seleção do que fica e do sai se finaliza. Idealmente. É também no banheiro que nos trancamos para chorar, seja enquanto tomamos banho ou simplesmente  quando escorremos pela parede. É no banheiro, onde lavamos o rosto e encaramos a nós mesmos no início de um novo dia, ou onde dormimos abraçados a porcelana após uma noite provavelmente cheia de péssimas escolhas. É no banheiro que lidamos com nosso sangue e  nossas feridas. Curiosamente é o mesmo local onde muitos escolhem fazer amor ou vivê-lo na imaginação.  O banheiro é o local onde lidamos com o íntimo, com o corpo na sua forma mais nua e animal. Em sua essência e excremento. Para além de um cômodo, um lugar mental. Como vai seu banheiro interno?

Efeito Colateral nos provoca entre o doce e o enojável, entre a delicadeza e a brutalidade. Nos remete às consequências sejam de escolhas ou situações impostas, de desejo ou de dor. Paula Catu nos deixa a advertência, e por experiência própria, eu reforço: Tomem cuidado ao interagir com essa instalação.

Dedicada a todos os Arthurs, Leonardos, Stephans, Marcos, Guilhermes, Gustavos, Pedros, Lucas, Saulos, Dyegos, Franciscos, Robertos, Brunos e Taynãs por aí.

Gisele Lima